Fonte: www.meiofiltrante.com.br
Os analistas da S&P Global Platts Analytics, fornecedora independente de informações, análises e preços de referência para os mercados de commodities e energia, anunciaram as cinco principais tendências de transição energética para 2022.
Os temas estão ligados à emissões recordes de CO2, novo recorde de vendas de veículos elétricos, produção de hidrogênio, instalações de energia renovável e caminhos a seguir principalmente em setores difíceis de “decarbonizar” como aviação e transporte marítimo.
Confira abaixo cada uma das tendências, com explicações detalhadas.
Apesar do foco nas reduções de emissões e de uma lista extensa de países que estabeleceram metas líquidas zero, a S&P Global Platts Analytics prevê que as emissões de CO2 aumentem 2,5% em 2022, alcançando novos níveis recordes.
Embora na COP26 os líderes tenham prometido fortalecer até o final de 2022 as metas de emissões para 2030, em vez de esperar pelo processo formal de "avaliação", a Platts Analytics afirma que há riscos significativos para as agendas de políticas ambientais domésticas por conta das eleições. Por exemplo, nos EUA as eleições de meio de mandato têm o potencial de afetar significativamente a agenda ambiental do governo Biden. Na Austrália, o foco está no partido da oposição e se a priorização de metas ambientais mais agressivas ganhará apoio político e popular.
“Essas eleições são lembretes de que ‘toda política é local’ e o destino dos acordos globais geralmente é determinado por eleições domésticas, sentimento público regional e mudanças nas políticas locais”, comentam os analistas.
Os fortes preços de energia levaram as margens de energia renovável a níveis historicamente altos nos principais mercados e aumentaram as perspectivas de crescimento mais rápido das instalações em 2022. Segundo a Platts Analytics, a ironia é que o baixo desempenho das energias renováveis foi um fator-chave por trás do aumento nos preços globais de gás e energia em primeiro lugar.
Apesar de um aumento de 10% nos custos de comissionamento devido a preços historicamente altos de matérias-primas e questões trabalhistas, as adições de capacidade solar fotovoltaica devem aumentar 4% em 2022, enquanto as instalações eólicas terrestres devem crescer 1%. No entanto, a previsão é de quedas para a energia eólica offshore, que deve contrair á em 25% em 2022 devido à eliminação gradual dos subsídios da China.
A S&P Global Platts Analytics vê a necessidade de políticas que equilibrem melhor a necessidade de adicionar fornecimento de eletricidade com zero carbono com o custo da despachabilidade/disponibilidade de energia renovável muitas vezes intermitente. Há riscos de que a adoção de energias renováveis esteja cada vez mais associada a déficits de energia e consequentes altos preços. A questão será como os formuladores de políticas veem a troca entre a priorização da transição energética ou o fornecimento confiável.
O setor automotivo enfrentou problemas na cadeia de suprimentos em 2021, principalmente a escassez de chips semicondutores, um elemento-chave nos veículos elétricos (VEs). No entanto, as montadoras não restringiram a fabricação de VEs tanto quanto os veículos com motor de combustão interna. Em 2021, houve crescimento de 108% ano a ano nas vendas de veículos elétricos, impulsionadas pelas regulamentações apoiadas pelos governos, os altos custos do combustível e incentivos financeiros, especialmente na China e na União Europeia.
Embora os fatores predominantes do crescimento de VEs em 2021 continuem em 2022, a S&P Global Platts Analytics espera uma aceleração no crescimento das vendas este ano, impulsionada por ações tomadas pelas próprias montadoras, que, por sua vez, continuam a aumentar os investimentos na fabricação de veículos elétricos e tecnologia de baterias, oferecendo uma gama mais ampla de modelos e maior construção de estações de carregamento.
A adoção de VEs mudará cada vez mais de políticas/subsídios para escolhas de produtores e consumidores. A S&P Global Platts Analytics prevê que as vendas de veículos elétricos crescerão mais de 40% em 2022.
A ambição em torno do desenvolvimento de hidrogênio esteve em destaque no ano passado, com projetos anunciados de capacidade de produção de hidrogênio de baixo carbono no banco de dados de ativos da Platts Analytics chegando a 29 milhões de toneladas até o final de 2021.
Os anúncios de projetos foram sustentados por uma lista crescente de estratégias nacionais de hidrogênio em todo o mundo, que forneceram metas ambiciosas e estruturas de incentivo para nova capacidade de produção. Embora a realização de metas de produção de hidrogênio mesmo de curto prazo (exemplo: a meta da União Européia de 6 GW de capacidade de produção de hidrogênio verde até 2024) não seja totalmente determinada apenas em 2022, os desenvolvedores se beneficiarão se puderem mostrar que os projetos podem ser concluídos dentro do prazo e do orçamento em 2022.
A capacidade de produção em vários caminhos diferentes está programada para entrar em operação em 2022, variando de um projeto de maior escala usando biogás e gás de aterro sanitário a eletrolisadores de pequena escala combinados com energias renováveis. No entanto, a S&P Global Platts Analytics não espera que projetos de hidrogênio azul em grande escala (gás natural + captura de carbono) se tornem operacionais em 2022.
Talvez o maior desafio da transição energética seja ir além do aumento da geração eólica e solar e veículos elétricos para reduzir as emissões em setores mais difíceis de descarbonizar, como aviação e transporte marítimo.
Apesar das tecnologias nesses setores ainda estarem essencialmente em fase de demonstração, vários marcos devem ser alcançados nos próximos 12 meses, incluindo um par de embarcações marítimas movidas a hidrogênio atingindo a água e oito navios que estarão prontos para serem abastecidos com amônia como combustível alternativo se/quando o abastecimento e a infraestrutura estiverem disponíveis. Embora não seja alimentado por hidrogênio em si, o primeiro grande transportador de hidrogênio liquefeito (LH2) carregará sua primeira carga de hidrogênio na Austrália no início de 2022, uma indicação precoce de que o comércio internacional de hidrogênio pode ser viável.
Na aviação, a S&P Global Platts Analytics prevê um maior uso de combustíveis de aviação sustentáveis (SAFs na sigla em inglês), impulsionado por mandatos governamentais (por exemplo, o mandato da França de 1% de uso de SAF a partir de 2022) e companhias aéreas comerciais que buscam testar taxas de mistura de SAF mais altas (seguindo a liderança da United Airlines que alcançou a façanha em um voo comercial em dezembro de 2021).
A mudança no tamanho das carteiras de pedidos de navios e aviões projetados para usar combustíveis alternativos será um fator-chave a ser observado em 2022.